Um pequeno carrocel
De cavalinhos de muitas cores.
De seguida entrei nele
E lá me perdi de amores
Por um cavalinho triste
Que me pediu, por favor,
Que lhe ensinasse a cor do sorrir
E, do sentir, o sabor,
Pois só conhecia o do sal
Que lhe queimava a alma
Da madeira que o sustentava,
E lhe tirava o alento
De soltar as crinas ao vento
E sonhar!...
Em espanto, toquei o cavalinho,
No dorso pousei minha mão
E, com carinho, lhe dei, num sorriso,
Um pedacinho do coração!
Pouca coisa...
Que, para quem nunca sentiu,
Uma pequena gota é um rio
E o micro transforma-se em macro
Na passagem de um segundo!
E uma ilha passa a ser o mundo,
E numa flor vê-se o jardim...
Num simples toque saboreia-se
O macio do cetim...
E o pálido rosto vira carmim...
E...
O cavalinho sorriu para mim
E disse, simplesmente:
" Eu gosto de ti!"
Eu...
Bebi o mel daquele olhar,
Saí depressa do papel
E não deixei que o cavalinho
Me visse chorar!...
Agora,
Quando olho o carrocel,
Sei que aquele cavalinho,
De olhar de mel,
Um dia aprendeu...
A amar!
Cristina Fidalgo