terça-feira, novembro 08, 2005

Fermoso Tejo meu, quão diferente


Fermoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
O meu viver contente ou descontente.

Já que somos no mal participantes,
Sejamo-lo no bem. Oh! quem me dera
Que fôramos em tudo semelhantes!

Mas lá virá a fresca Primavera:
Tu tornarás a ser quem eras de antes,
Eu não sei se serei quem de antes era.

Francisco Rodrigues Lobo

1 comentário:

~passenger~ disse...

Por vezes a ilusão não é mais do que uma vontade afectiva exacerbada que nos leva a ver a realidade distorcidade, por isso quando somos chamados à realidade sofremos, já nada é idílico, atingimos a iluminação... Podemos sofrer... mas não voltamos a cometer os mesmos erros... não é assim Marta?