quarta-feira, julho 26, 2006

~ A verdade mata ~

Local: no teu quatro
Ambiente: os últimos esforços da luz para penetrar as trevas começam a falhar
Horas: tarde demais para um ser humano normal.

O sangue banha-me os pés. Sinto o suave terror de uma morte nas minhas mãos. Os meus olhos brilham com a loucura que lhes foi sendo adicionada pelo seu portador. Um sorriso surge ao largo dos meus lábios, não chega a ser um sorriso mas sim um fragmento da insanidade que envolvia toda a situação...
A última luz dos prédios que se observava da janela do quarto acabou de se apagar, como que anunciando o funeral de uma alma perdida por ter acreditado que não pode existir traição num beijo...
Depois daquele momento o tempo parou com as tuas palavras que congelavam tudo o que alcançavam como um vento glaciar, cortando as minhas entranhas, incinerando o pequeno reduto de sensatez que ainda residia em mim...
Tentei...
Não consegui...
A lâmina tinha vida própria, serpenteou até estar perto de ti e quando descobriu o teu pescoço ejectou as suas presas cortando a carne deixando o sangue aparecer e esvair-se como vermelhos regatos...
Não consegui ver o teu corpo caído durante muito tempo, tinha acabado de assinar a minha própria morte. Parti tentando esquecer o que tinha feito, também não consegui...
Assim, acabei por deixar-me contaminar pelo veneno da lâmina. Caí sobre os meus joelhos e esperei a vinda gloriosa do irmão que nunca conheci...
Foi assim o dia da nossa queda... Foi assim o dia da minha queda.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas afinal o que foi que mataste? Uma pessoa?
Um sentimento?
Meu amigo, por muitas facadas que dês, o sentimento nunca morre, fica sempre guardado num recanto do teu coração!

E além disso, a vingança não resolve nada...

~passenger~ disse...

O texto não fala apenas de vingança, mas sim, é um dos elementos principais, além disso se leres... Nem que seja com pouca atenção percebes que a vingança acaba por "matar" o próprio...